De Fernanda de Castro ,
"O ano desfolhou-se, dia a dia,
como uma flor cortada, um girassol,
e dia a dia a sua voz calou-se
como velha cansada melodia
de velho rouxinol.
Ontem, à meia-noite, a minha rua
abriu de par em par as portas, as janelas,
e jogou fora o lixo, as coisas velhas:
cacos, farrapos, latas e panelas.
Era a Primeira Hora
do ano que chegava.
- E eu? - pensei - Que posso jogar fora?
Que poderemos todos jogar fora?
( ... )
Ah, Senhor, nesta hora de perdão,
nesta Primeira Hora,
quantas coisas podemos jogar fora!"
Nenhum comentário:
Postar um comentário