domingo, 1 de maio de 2011

TEMPORAL

João Almeida

CHOVE,

E VOCÊ NÃO SE COMOVE,

COM O MEU AMOR DESTELHADO

TODO MOLHADO.

NOITE,

E VOCÊ NÃO SE IMPORTA,

CORAÇÃO FECHA A PORTA,

E EU CANSADO ENTÃO,

ME ENCHARCO DE SOLIDÃO.

IMAGINAÇÃO,

OU MÁ INTENÇÃO,

ME DEIXOU ASSIM...

POIS NÃO MANDEI RECADO,

NÃO FUI ENCONTRAR,

NEM TELEFONEI PARA ESTE ALGUÉM

QUE NEM SEI QUEM É...

POIS É...

EMBORA TE QUERENDO

ACABARIA ENTENDENDO QUE VOCÊ

NÃO ACHOU UM JEITO DE GOSTAR DE MIM...

MAS ME DEIXAR ASSIM,

SOB UM TEMPORAL

FOI MAL, FOI MAL, FOI MAL...

MAS ESTE TEMPORAL DE MENTIRAS

VAI PASSAR,

E UM SOL DE VERDADES VAI BRILHAR,

E AÍ ?

EU JÁ DEVO ESTAR FELIZ,

EU PRECISO SER FELIZ,

EU MEREÇO SER FELIZ...

“DE FRENTE PRA GABRÍ”

02/02/2011

Por oito dias andei conversando com João Gabriel,meu netinho de apenas dois meses de idade. Ele não falou nada nesse nosso papo, claro, ele está na fase de só ouvir e observar, mas nada ficou sem resposta...nos entendemos muito...

Fiquei pensando se não seria nessa fase a melhor, para o brilho dos olhos das pessoas. Quando estive nesta situação como pai, não imaginava isso, não calculei as varias fases que uma pessoa passa a partir dos dois meses de vida, de modo que os netos nos dão essa compensação entre a ausência dos filhos adultos e nossa solidão, como bem disse Maria, o sentimento de abandono que tem um impacto muito grande na saúde física e mental de idosos são trocados pela Jujuba doce que ainda é Julia, pela alegria que Joãozinho passa, pelos rodopios da bailarina Carol, do remelexo nos passos surpreendentes de Matheus que apesar de birrento ainda nos dedica o seu amor, e do irreverente Victor ator de mil faces, todas de alegria. Fica fora desta relação Felipe, por ser adulto e ter sido criado por mim e Maria, está na condição de neto e de filho, e adotou muito cedo a filosofia da indiferença.

“Assim falou Zaratustra:”

“Éramos amigos e agora somos estranhos um ao outro. Mas não importa que assim o seja: não procuremos escondê-lo ou calá-lo como se isso nos desse razão para nos envergonhar. Somos dois navios cada um dos quais com o seu objetivo e a sua rota particular”

Estou lutando para ter muitas emoções boas neste ano,mas de uma, vou ficar de fora. Não devo reclamar apesar da dor fico com a minha consciência., continuo na escola para aprender a gostar muito de mim, a cuidar de mim e principalmente a gostar de quem gosta de mim...

Tem uma fase, que é a da adolescência, onde é normal certos conflitos sustentados na rebeldia, mas para quem já amadureceu ?... já é adulto de fato ?....

Enquanto os filhos amadurecem os pais envelhecem... o que justifica comportamento que nos leva ao isolamento. De uma família de sete, foram escapando pelas mãos, Carla, Tino, Iraci, Jota e Felipe, e assim ficamos nós, eu e Maria. Hora lembrados hora esquecidos, mas observando bem, até que resistimos bem... quem nega a força de Maria ? sua alegria ? e sua solidariedade ?

Alguém está devendo a um de nós, justiça!

CANSADO DE SER GENTE...

(AUTOR DESCONHECIDO)

Se fosse possível gostaria de me transformar numa televisão e viver como a televisão de todas as casas vive.
Ter um espaço especial para mim e reunir a família ao meu redor.
Quero ser levado a sério quando falar ,ser escutado sem interrupções e perguntas. Quero receber a mesma atenção que ela quando não funciona, quando está com algum problema.
Ter a companhia dos meus filhos quando eles chegam em casa, mesmo que estejam cansados.

Quero sentir que minha família deixa tudo de lado, de vez em quando, para estar comigo.
Por fim, que eu possa divertir a todos.

CANÇÃO DE QUALQUER MÃE.


Lia Luft

Que nossa vida, meus filhos, tecida de encontros e desencontros, como a de todo mundo, tenha por baixo um rio de águas generosas, um entendimento acima das palavras e um afeto além dos gestos – algo que só pode nascer entre nós.

Que quando eu me aproxime, meu filho, você não se encolha nem um milímetro com medo de voltar a ser menino, você que já é um homem.

Que quando eu a olhe, minha filha, você não se sinta criticada ou avaliada, mas simplesmente adorada, como desde o primeiro instante.

Que, quando se lembrarem de sua infância, não recordem os dias difíceis(vocês nem sabiam), o trabalho cansativo, a saúde não tão boa, nervos à flor da pele – aqueles dias em que, até hoje arrependida, dei um tapa que ainda agora dói em mim, ou disse uma palavra injusta.

Lembrem-se dos deliciosos momentos em família, das risadas, das histórias na hora de dormir, do bolo que embatumou, mas que vocês, pequenos, comeram dizendo que estava maravilhoso.

3-Que pensando em sua adolescência não recordem minhas distrações, minhas imperfeições e impropriedades, mas as caminhadas pela praia, o sorvete na esquina, a lição de casa na mesa de jantar, a sensação de aconchego, sentados na sala cada um com sua ocupação.

Que quando precisarem de mim, meus filhos, vocês nunca hesitem em chamar: mãe! Seja para prender um botão de camisa, ficar com uma criança, segurar a mão, tentar fazer baixar a febre, socorrer com qualquer tipo de recurso, ou apenas escutar alguma queixa ou preocupação.

Não é preciso constrangerem-se de ser filhos querendo mãe, só porque vocês também já estão grisalhos, ou com filhos crescidos, com suas alegrias e dores, como eu tenho e tive as minhas.

Que, independendo da hora e do lugar, a gente se sinta bem pensando no outro. Que essa consciência faça expandir-se a vida e o coração, na certeza de que aquela pessoa, seja onde for, vai saber entender; o que não entender vai absorver; e o que não absorver vai enfeitar e tornar bom.

2-Que quando nos afastarmos isso seja sem dilaceramento, ainda que com passageira tristeza, porque todos devem seguir seu caminho, mesmo que isso signifique alguma distância: e que todo reencontro seja de grandes abraços e boas risadas.

Esse é um tipo de amor que independe de presença e tempo. Que quando estivermos juntos vocês encarem com algum bom humor e muita naturalidade se houver raízes grisalhas no meu cabelo, se eu começar a repetir histórias, e se tantas vezes só de olhar para vocês meus olhos se encherem de lágrimas: serão apenas de alegria porque vocês estão aí.

Que quando pareço mais cansada vocês não tenham receio de que eu precise de mais ajuda do que vocês podem me dar: provavelmente não precisarei de mais apoio do que do seu carinho, da sua atenção natural e jamais forçada. E, se precisar de mais que isso, não se culpem se por vezes for difícil, ou trabalhoso ou tedioso, se lhes causar susto ou dor: as coisas são assim.

1-Que, se um dia eu começar a me confundir, esse eventual efeito de um longo tempo de vida não os assuste: tentem entrar no meu novo mundo, sem drama nem culpa, mesmo quando se impacientarem.

Que em qualquer momento, meus filhos, sendo eu qualquer mãe, de qualquer raça, credo, idade ou instrução, vocês possam perceber em mim, ainda que numa cintilação breve, a inapagável sensação de quando vocês foram colocados pela primeira vez nos meus braços: misto de susto, plenitude e ternura, maior e mais importante do que todas as glórias da arte e da ciência, mais sério do que as tentativas dos filósofos de explicar os enigmas da existência. A sensação que vinha do seu cheiro, da sua pele, de seu rostinho, e da consciência de que ali havia, a partir de mim e desse amor, uma nova pessoa, com seu destino e sua vida, nesta bela e complicada terra. E assim sendo, meus filhos, vocês terão sempre me dado muito mais do que esperei ou mereci ou imaginei ter.

QUEM SOU EU ?



João Almeida

15/04/2011

Quando não temos nada de prático nos atazanando a vida, a preocupação passa a ser existencial. Pouco importa de onde viemos e para onde vamos, mas quem somos é crucial descobrir.

Alguem disse que a gente é o que a gente gosta.
A gente é nossa comida preferida,
os filmes que a gente curte,
os amigos que escolhemos, as roupas que a gente veste,
a estação do ano preferida, nosso esporte, as cidades que nos encantam.


Eu sou outono, disparado. E ligeiramente primavera.
Sou pães queijos e cerveja (afastados de mim provisoriamente)
Sou bala de café, sou coca-cola, ( ai que saudade) sou xim-xim de bofe, sou bolo de carimã , sou cuscus com ensopado, sou licor de genipapo...
Sou livros e revistas, sou jornal. Sou internet, sou televisão, sou radinho sob o travesseiro.
Sou verde, sou tricolor.
Sou manhãs, sou o entardecer, sou noites escuras e enluaradas.
Sou de paz, sou do bem. Sou família de mãos dadas.
Sou simplesmente feliz!
(momentaneamente triste, mas tudo vai ficar bem, eu sei que vai)