terça-feira, 30 de agosto de 2011

ADEUS MAMÃE!



Durante os nove dias que a Senhora ficou na UTI, eu e Maria ocupamos seu quarto, a sua caminha, mas queríamos lhe devolver....mas de lá você partiu...

Que saudade Lídia!!

Não uma saudade qualquer.... mas uma saudade grande!

Quando a saudade é demais, não cabe no peito: escorre pelos olhos.

Chorei a minha saudade!

Não posso dizer muita coisa... o meu coração está calado pois só fazem poucas horas de uma despedida muito dolorosa!

Adeus MAMÃE!

10/08/2011

A GENTE SE ACOSTUMA


Marina Colassanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.
A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

idade:

62

TE AMO MÃE! TE AMO! TE AMO

João Almeida

Hoje de repente, fui parar num mundo muito triste.. . Numa UTI hospitalar, que por conseqüências indesejáveis hospedou minha QUERIDA MÃE LIDIA.... Apesar da competência desta unidade, mãe não merecia ir pra lá.

TODOS CANTAM SUAS MÃES E EU QUERO CANTAR A MINHA!

Dona LIDIA grande exemplo de ser humano! Grande em tudo! Merecedora de tudo que é bom, não uma parte... não um pouquinho, mas tudo que é bom. De modo que foi um choque ver minha mãe sedada, numa cama cheia de barras de segurança que não me deixou lhe dá um cheirinho, muito pior não receber dela aquele cheirinho puxado que ela me dava quando lhe visitava em casa.

TUDO MUITO TRISTE PARA NÓS!