quinta-feira, 22 de novembro de 2012

JOVENS ONTEM E HOJE


      
          Ser jovem era amar a vida, cantar a vida, abraçar a vida. Era ter altos e baixos, entusiasmos, desalentos, sem perder a coragem de lutar, de prosseguir. Era gostar de leitura, escrever diários, às vezes, copiar poesias de amor e remetê-las ao namorado, à namorada, sem assinatura própria.
          Ser jovem era ter os olhos molhados de esperança e adormecer com problemas, na certeza de que a solução viria no dia seguinte. Era amar a simplicidade, o vento, o perfume das flores, o canto dos pássaros. Ter ódio de guerra, de ser manipulado.
          Ser jovem era vibrar com o gol do time, emocionar-se com filmes de ternura e simpatizar secretamente com alguém que viu só de passagem. Planejar férias no fim do ano sentir-se um pouco embaraçado diante de estranhos, não perder o hábito de encabular, tremer diante de um exame.
         Ser jovem era continuar gostando de deitar na grama, de fazer parar o relógio quando o encontro era feliz, caminhar na chuva, iniciar cursos de Inglês e violão. Era não dar muita bola ao que diziam e pensavam, mas irritar-se com as calúnias, a ingratidão.
          Ser jovem era permanecer descobrindo, amando, servindo. À luz de alguma estrela. Era ter coragem de denunciar, mesmo na turbulência, navegar, redescobrir, sonhar e comprometer-se.
          É uma pena que hoje os jovens não são assim. Como definir o jovem de hoje? Muitos são mais um número na estatística no consumo de drogas e bebidas. Para a maioria a rotina é sempre igual, acorda com os gritos da mãe, ou nem acorda pela ausência dela. Há falta de valores e muitos dizem que eles são o espelho da nossa sociedade. Os sonhos já são impossíveis e o lutar por eles perdeu a graça.
          Infelizmente nossos jovens estão assim, descrentes de tudo e os poucos que querem o melhor não têm oportunidade. O primeiro emprego só consegue se tiver experiência. E a falta de oportunidade muitas vezes leva a prostituição e as drogas. A frustração e a carência afetiva, muitas vezes justificam a busca pelo prazer desorientado.
          Pergunto-me muitas vezes, quem serão os futuros professores, médicos, engenheiros, políticos? E confesso ter medo da resposta.

VELHO MUNDO



(AD)  COLHIDO NO BLOG RETALHOS DO QUE EU SOU

TANTO  JÁ  ME ENTREGUEI AOS SENTIMENTOS
TANTO JÁ ME EMOCIONEI
ESTREMECI A ALMA
ANDEI DE  MÃOS  ABERTAS EM PALMA
DEIXEI-ME PENETRAR  PORO A PORO CADA SENTIR
SOLTEI AMARRAS, ABRI JANELAS, DEIXEI-ME ILUMINAR
PERMITI QUE TODA  CANÇÃO  ME  CHEGASSE AO CORAÇÃO
CANTEI MEUS VERSOS E OUVI OS VERSOS DO UNIVERSO
QUIS VOCÊ PERTO
QUIS ME APROXIMAR
SENTI BEM DE PERTINHO
ESTA MINHA FORMA DE AMAR
QUE CONVIDA TODOS PARA PARTILHA
TUDO TEM O DOM DE ME ENCANTAR
ACABEI DE VER AS LUZES   E AS FLORES  DO VELHO MUNDO
MAS AS FLORES AQUI DENTRO E AS LUZES QUE INSISTEM EM NÃO SE APAGAR
SÃO AS MAIS VISTOSAS E  DESEJÁVAIS QUE VEJO
ATÉ QUANDO FUJO E DESEJO SENTIR MENOS, ACENDE-SE OS CANDEEIROS E
AS FLORES DESABROCHAM, NÃO HÁ COMO FUGIR DO QUE SOMOS!
VELHO MUNDO SÓ A PASSEIO, AQUI DENTRO TUDO SE RENOVA
SINTO  FALTA DE SENTIR

domingo, 18 de novembro de 2012

Sob medida


2 de novembro de 2011

(AD)


Eu quero uma companhia de alegrias e fadigas. Que ande comigo e ajude a manter meu coração descalço. Que nossas fotografias abram os olhos para nunca parecerem indiferentes.  Nenhuma torre será alta demais e  nenhuma fada sera expulsa do conto.  Vamos  decretar  que as estrelas caem de maduras,  por isso o pedido precisa ser rápido, para não apodrecer no esquecimento.  Os ciúmes podem ser disfarçados e  os telefonemas do tipo "quero te ver".  Que a gente faça arte andarilha com nossos chinelos desempedidos de caminhar. Quero mudar o sabor do vinho ao beber junto. Confessar uma culpa que nem carrego, se isso o fizer sorrir. É preciso que não haja minutos de silêncios glaciais e que a nossa janela é que faça a paisagem. Que a gente não deixe a vida ser carrasca de nos gastar o tempo sem estarmos juntos. Preciso de alguém que pegue o dia desajeitado e o ajeite num passeio à dois de bicicleta. Que eu durma ao lado do telefone esperando ele tocar.  Uma companhia que tenha fome no olhar e que provoque cócegas nos meus olhos. Alguém que eu deseje ter ao lado ao acordar e que quando me olhe, eu pense: raras vezes na vida, alguém me olhou assim.

Removi a teia de aranha, retirei todos os cadeados e fui andar de bicicleta.


Angelica Lins


Nunca me agoniei com o escorrer do tempo, mas admito meu gosto pelo olhar envolvendo-se com a memória. Cada texto é um início em si mesmo. Assisti a um filme que dizia: “ às vezes tudo que precisamos é de 20 segundos de coragem constrangedora para viver algo muito especial.” O inesperado me trouxe de volta à escrita.  Escrever histórias ou vivê-las?  O que de fato quero que sobreviva através dos meus escritos? Combinei com as letras de arrumar os armários. Organizar o sentir sempre vale a pena, mesmo que o outro desconheça do que se trata nossa linguagem. Deixo de ser e sou a cada texto. Muitos rascunhos ficaram perdidos dentro da bolsa. Outros, ficaram pendurados nas chaves que esqueci na fechadura pelo lado de fora. Já quis muito mais do que cabia em mim, hoje quero apenas não me ensimesmar no estranhamento do é tão meu. Bom mesmo é abandonar os caminhos que nos levam onde não queremos chegar. Resolvi tingir o asfalto com os pneus da minha bicicleta em cenários diferentes. Dia de sol. Sem nenhuma nuvem de chuva no céu. Descobri que de fato, o "pecado" mora ao lado. É uma luxúria tipo escritos de Jorge Amado: "por fora água parada, por dentro uma fogueira acesa." Adorável de ler, sentindo.
 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Coisas da vida



google

Na minha vida há sempre
uma mala por fazer,
uma viagem que deveria ter sido,
uma poesia que devia ter vindo,
mas não veio.
Há sempre um amigo não feito,
uma festa não curtida,
um show não assistido.
Há sempre uma bronca não dada,
um “Eu te amo” não dito,
um amor não resolvido.
Na minha vida sempre houve
um sapo engolido,
um “não” não questionado,
um poema mal feito.
Sempre houve algo que foi,
mas não deveria ter sido;
algo que poderia ter sido,
mas não foi.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Chuva Silenciosa


Miguel Russowsky






Domingo sem ninguém... A tarde avança
E uma Tristeza vem chegando agora,
e a chuva chove... Chove e não se cansa
Muito solícita a vidraça chora

O meu relógio diz, de hora em hora,
Uma palavra só : - Desesperança !
E a chuva chove lenta, fria e mansa
e mansa e fria não se vai embora

A minha amada , longe, não me escreve..
Corre em meu rosto a lágrima, de leve
e vem borrar o retratinho antigo.

A solidão renova o olhar sizudo..
Chove...Silêncio.. ( e o telefone mudo)
Pois bem, Tristeza, janta aqui comigo !!


Miguel Russowsky (poeta brasileiro)

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

ABRAÇO TAMANHO GG


(AD)

Uma amiga trabalha em um brechó de um hospital, 
como voluntária. 
Certo dia adentrou na loja uma certa
"senhora  bastante obesa", 
e de cara a minha amiga pensou 
que não tinha nada na  loja na numeração dela. 
Se sentiu apreensiva e constrangida naquela  situação,
vendo a senhora percorrer as araras 
em busca de algo que  minha amiga 
sabia que ela não encontraria.  
Ficou angustiada, porque não queria
que a senhora  se sentisse mal 
 pelo tamanho das peças de roupas, 
se sentindo excluída  implícita.  
Naquele momento minha amiga orou a Deus 
e pediu que  lhe desse sabedoria 
para conduzir a situação evitando 
que a cliente se  sentisse excluída 
ou humilhada na sua autoestima.  
Foi quando o esperado aconteceu. 
A senhora se  dirigiu à minha amiga 
e disse tristinha: - “É... não tem nada grande, não é?”
 E a minha amiga, 
sem até aquele momento saber o que  diria,
 simplesmente abriu os braços de uma ponta a outra
 e lhe  respondeu:
 - “Quem disse??? 
Claro que tem!! 
Olha só o tamanho  desse abraço!”
E a abraçou com muito carinho. 
A senhora então se entregou àquele abraço acolhedor 
e deixou-se tomar pelas lágrimas exclamando:
- “Há quanto tempo que  ninguém me dava um abraço.”
E chorando, 
tal qual uma criança a procura de um  colo, lhe disse:
- “Não encontrei o que vim buscar, 
mas encontrei muito  mais do que procurava".
E naquele momento, 
através dos braços calorosos de minha amiga, 
Deus afagou a alma daquela criatura, 
tão carente de amor  e de carinho.

Quantas almas não se encontram 
também tão  necessitadas de um simples abraço, 
de uma palavra de carinho, 
de um  gesto de amor.  
Será que dentro de nós,
 se procurarmos no nosso  baú, 
lá nas prateleiras da nossa alma, 
no estoque do nosso coração,  
também não acharemos
 algo “grande” que sirva para alguém?


A criança que há em mim


 (Clauder Arcanjo)


“Eu sou aquele menino
Que cresceu por distração.”
(Paulo Bomfim)

A criança que há em mim acorda chupando o dedo, com saudade do bico, consolo do fim da noite, no berço da rede branca, de varandas brancas. Em gostosa preguiça infantil. Quando flagrado em pesadelo, o mijo na rede, batismo do medo.
Levanta-se, acorda de olhos ainda fechados, água fria a abrir os olhos para a luz do dia, resquícios de sonho nas remelas a colarem as pálpebras sonolentas. No café, nunca foi de ter fome. O estômago inda não acordara, e o leite com açúcar a passar por entre os dentes cerrados. “Gut, gut, gut. Vamos! Gut, gut, gut.” A voz de minha mãe, Djanira, a me encorajar a esvaziar o copo, grande. “O café da manhã é a mais importante das refeições.” Conselho que, nos dias atuais, repasso credulamente para os meus rebentos.
      A criança que há em mim caminha com timidez em meio a homens e mulheres, fingidamente decididos, a socarem o chão com os seus sapatos apressados, sempre simulando compromissos inadiáveis, quando, na verdade, rodam em círculos, atrás do rabo de si e do nada.
A criança que há em mim adora parar na praça desabitada e sentar, sozinho, no banco mais ao fundo. Sem pressa, para ouvir a sinfonia sem regra dos pássaros. Passaredo a executar a matinê orquestrada. E, do meu canto, flagrar os velhos, presos pelas famílias às molduras das janelas. Seres de olhos capiongos, a catarem reminiscências nos becos e nas ruas, defronte do seu inexpugnável e vazio exílio.
Em torno do meio-dia, a criança retorna para a Rua Mateus Mendes, 75, e abre o portão da casa em Santana chamando pelos irmãos: “Dedé, Baía, Tito, Dr. Stygma! Onde estão vocês?” Lembrança que dói, e como dói.
A criança que há em mim consagra a madorna após o almoço à memória dos antepassados; costume que corre o rio de tantas existências, hábito de carne, espírito e osso. Por todas as gerações. Assim seja, amém. “Não atrapalhem o meu sono!” O aviso diário de Zequinha, o Arcanjo pai. De vez em quando, dado às barulhentas travessuras, o ringir dos armadores. E, “pernas pra que te quero!”, no aviso do Baía; aquele que ficasse para trás seria brindado com a sova do dia. Uma palmada na bunda. Hoje, bem sei, ela doía mais na mão de Zequinha de que em nossas nádegas.
A criança que há em mim sempre gosta de futebol. Futebol do drible certo, do passe preciso, da marcação sem falta, da jogada inesperada a gerar a festa do gol... mesmo sendo um péssimo jogador. A raça a suplantar a magia. No máximo, aplicado zagueiro. “Menino do Catecismo, você nunca foi de bola!”; goza-me o meu terceiro pai, o Chico de Neco Carteiro.
Nas partidas na tevê, sinto muita falta da companhia de Dederardo, de Gordinho, de Gazumba, de Totonho, de Gatinho... Enfim, de toda a meninada de Licânia. Quanta saudade!
A criança que há em mim, parece, hoje pouca coisa nova vive, apenas relembra, e recupera, as maravilhas que deixou enterradas nas ribeiras do passado. Gloriosa botija deste quase cinquentão.
Algumas vezes, distraído, flagro-me em gaitadas longas e gostosas, e acabo me dando conta de que serei sempre criança, mesmo que isso se dê por mera distração.