sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O NATAL VEM AÍ.

A.J.Faria



Será que vem mesmo?
Ou não será apenas mais uma oportunidade
para muitas luzes, muita música, muitas prendas,
e após tudo isso sentir um enorme vazio?
*
O Natal vem aí.
Será que vem mesmo?
Ou não será apenas mais uma oportunidade
para oferecer um pouco de pão aos carenciados,
e esquecê-los nos restantes dias do ano?
*
O Natal vem aí.
Será que vem mesmo?
Ou não será apenas mais uma oportunidade perdida
de nos reconciliarmos uns com os outros,
respeitando as diferenças de cada um?
*
O Natal vem aí.
Será que vem mesmo?
Ou não será apenas mais uma oportunidade em que as pessoas
se preocuparão em cumprir um ritual,
enfatizando o acessório em detrimento do essencial?

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Certidão

poema do Zélogueiro do jornal Correio Brasiliense

palavra
e montanha
também se gastam
como velas acesas,
se consomem aos poucos
se transformam em pó com o tempo
depois aparecem em outra forma
diferente: poeta, lixo, lodo, diamante.

A vida de quem vive para a palavra
é tonta, embrulhada, cheia de madrugadas,
não tem certeza de nada,
tragédia, conto de fadas.

Porque palavra
é sinônimo de alma
alma é sinônimo de asas
asas de bêbados,
que tocam em nuvens sem sair do lugar.
Asas do menino apaixonado
pela professora de literatura,
que escreve no banheiro da escola
o Soneto da Fidelidade
“que não seja imortal, posto que é chama”
e os amigos não entendem
os motivos daquele coração.

Palavra
anda no bolso
em guardanapos amassados,
em livros com letras de ouro,
em lábios finos...
Não tem morada certa,
dorme em qualquer lugar
acorda sempre para dois goles de vinho.

Para uns
palavra é ilusionismo,
mordida na nuca,
para outros
é concreto, ônibus lotado,
unha encravada,
mas de nada vale se ela não estiver
perfumada de vida.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

AINDA , AS MINHAS SAUDADES

João Almeida

Ontem num Shoping, minha filha convidou Maria para tomar um sorvete, numa barraquinha, num canto, quase na saída para o estacionamento. Se não fosse os adereços e cores da MC DONALD’S, poderia ser comparada a qualquer ponto de salgados que existem em cada canto da cidade. Enquanto a moça enchia copos de isopor mergulhei no lago das recordações, das minhas saudades....
Hoje não tomo mais sorvetes, não regularmente, como fazia na lanchonete da LOJAS BRASILEIRAS a LOBRÁS na Avenida Sete. Sorvete de umbu com salada de frutas, ou sorvete de qualquer outra fruta, mais sempre com salada , eles a minha saudade não troca pelos sundaes e mc-colossos dessa lanchonete americana, nem as AMERICANAS eu trocaria pelas LOJAS BRASILEIRAS. Enquanto sigo para casa as minhas saudades seguem outro rumo, primeiro se senta no balcão da CUBANA, na saída do Elevador Lacerda, ali não tomo sorvete, mas um guaraná espumante com bolinho de arroz. Ah! minha saudade! que perversidade me levar no pensamento para um cantinho tão bom.... Da CUBANA a minha saudade vai sentar na mesa do RESTAURANTE FLOR da SÉ e saboreia um bife com fritas. Alimentada, a minha saudade bate perna sob o viaduto da sé, segue pela Rua Rui Barbosa, e me leva novamente para a Avenida Sete e me empurra para dentro da MESBLA. Quem conheceu certamente sente falta, nada igual ainda não apareceu no comércio desta cidade. Saudades da MESBLA! Já que entrei pela Avenida Sete, a minha saudade me tira dali pela saída para a Rua Carlos Gomes e me bota sentado na última fila, numa aula de geografia no GINÁSIO do SERVIDOR PÚBLICO, onde o olhar sereno do professor Vicente dá uma volta na sala e sua voz firme diz: copiarrrrr.
Chego em casa e guardo minhas saudades...
Ah! Minhas saudades! Não troco vocês por nada, vocês estarão sempre bem guardadas no meu bauzinho.

Hoje eu abri meu bauzinho de lembranças...
Já abri outras vezes ...
numa manhã de sol, de chuva, de nada...
meu bauzinho que já abrir tantas vezes
posso nem querer abrir de novo,
pra não ficar triste com tantas diferenças....