poema do Zélogueiro do jornal Correio Brasiliense
palavra
e montanha
também se gastam
como velas acesas,
se consomem aos poucos
se transformam em pó com o tempo
depois aparecem em outra forma
diferente: poeta, lixo, lodo, diamante.
A vida de quem vive para a palavra
é tonta, embrulhada, cheia de madrugadas,
não tem certeza de nada,
tragédia, conto de fadas.
Porque palavra
é sinônimo de alma
alma é sinônimo de asas
asas de bêbados,
que tocam em nuvens sem sair do lugar.
Asas do menino apaixonado
pela professora de literatura,
que escreve no banheiro da escola
o Soneto da Fidelidade
“que não seja imortal, posto que é chama”
e os amigos não entendem
os motivos daquele coração.
Palavra
anda no bolso
em guardanapos amassados,
em livros com letras de ouro,
em lábios finos...
Não tem morada certa,
dorme em qualquer lugar
acorda sempre para dois goles de vinho.
Para uns
palavra é ilusionismo,
mordida na nuca,
para outros
é concreto, ônibus lotado,
unha encravada,
mas de nada vale se ela não estiver
perfumada de vida.
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