quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

ANTES QUE O MUNDO ACABE





 

19.12.12

Do Blog: Eu é um outro
não vou fingir felicidade
de fim de ano,
que essa felicidade
sempre foi uma espécie de ilusão.
desde quando o homem
inventou a televisão e as revistas,
essa felicidade e a margarina
sempre foram duas obrigações
- depois do facebook,
certas ilusões passaram a durar o ano inteiro.
não vou compactuar com as mentiras digitais.
não vou acender velas para os gênios
vivos e mortos da tecnologia.
nem para os cérebros articuladores
por trás dos veículos de comunicação.
quando o mundo acabar,
nenhum computador sobrará
para contar nossas histórias.
nenhum pen drive, nenhum tablet
nenhuma revista, nenhuma televisão...
e mesmo que sobrassem, resistentes ao fim,
para nada serviriam.
se um tsunami invadir esta cidade,
transbordando a Lagoa do Violão aqui ao lado,
a Maria da feira e eu
teremos a mesma expressão de desespero sobre o rosto.
ninguém na cidade se preocupará
em salvar sua câmera digital antes da inundação.
não sobrará nenhuma fotografia da morte
e do sangue das horas derradeiras.
os pescadores nos barcos, os comerciantes,
os advogados, as cabeleireiras,
as donas de casa, os velhos, as crianças,
os padeiros, as faxineiras,
os garis, as margaridas, os professores,
os médicos, os enfermos no hospital,
e até os feirantes, que não estarão trabalhando
na sexta-feira do dia vinte e um,
todos irão afogar sob as águas
misturadas do mar e da lagoa,
chocando-se em tudo o que vier
pelo caminho com a cataclísmica enxurrada.
quando o mundo for acabar,
é certo que ninguém estará sorrindo.
e que até os ateus, descrentes de um juízo final,
nessa hora gritem "Oh, meu Deus!"
quando o mundo for acabar,
todos os papéis se transformarão em nada, todos os livros,
todos os pensamentos que foram registrados,
todas as ideias não servirão nem para embrulho de peixes.
que sequer haverá quem coma peixes.
que sequer haverá quem possa ler
qualquer coisa que já tenha sido escrita.
- que sequer haverá quem.
quando o mundo for acabar,
ninguém estará fazendo a social na rede.
a desgraça e o desespero
serão as únicas coisas compartilhadas.
nossos pais, irmãos, tios, primos,
amigos e amigos dos nossos amigos,
todos teremos apenas caos e desordem,
e nada disso será motivo para curtir.
quando o mundo for acabar,
haverá luzes e sons pelos céus
muito mais impressionantes
do que quaisquer fogos de artifício.
ninguém assistirá ao espetáculo estourando champanhes
nem desejando ao outro que o próximo ano seja melhor.
- um próximo ano simplesmente não virá para mais ninguém.
nem para a natureza como a conhecemos
nem para os bichos, e nem para as coisas feitas pelo homem
para as pirâmides, para o Cristo Redentor,
para a Torre Eiffel, para o Machu Picchu,
para as estátuas da Ilha de Páscoa,
para o Palácio do Planalto, para a Casa Branca,
para qualquer tipo de casa...
tudo se transformará em um imenso nada,
e depois haverá apenas silêncio.
antes que o mundo acabe,
e que a água do mar ou uma pedra do espaço me cale,
confesso: não fui santo nem demônio.
e como todos os outros animais racionais,
às vezes apenas uma espécie de macaco
quase todo pelado, arrogante e pretensioso.
às vezes ingênuo, buscando algum conforto
para conseguir habitar meu próprio corpo,
como habitam em si mesmos
os animais irracionais, livres e despudorados.
nunca dei nome aos meus sentimentos,
e embora já tenha vivido algumas ilusões,
hoje, perto do fim,
prefiro não fingir nenhum tipo
de felicidade ou tristeza,
porque nunca gostei de me dizer
triste ou feliz,
alegre ou melancólico...
tudo isso sempre foram códigos
que usamos para representar papéis.
em verdade, agora apenas esclareço:
o que sempre gostei foi de viver.

sábado, 15 de dezembro de 2012

VONTADE LOUCA DE VIVER FELIZ !


sábado, 17 de novembro de 2012


João Almeida

Quarta feira passada estava semeando, uma brisa suave passava fazendo graça, caí em mim e senti que eu estava feliz, por vários motivos, havia um sinalzinho de que eu poderia me sentir assim, feliz ! mas tambem pela obcessão que tenho de lutar sempre para estar feliz e de fazer a minha parte para a felicidade dos outros. Foi então que soltei a voz como quem queria mostrar ao mundo um sentimento. Comecei a cantar em plenos pulmões enquanto semeava, o meu canto se espalhou e pessoas prestaram atenção nos meus versos e se contagiaram, riram, e até me ajudaram na cantoria, houve quem dissesse que o meu canto alegrou  a tarde. As horas passaram e na quinta-feira eu estava completamente diferente, triste ! logo me lembrei de um livro que li  a uma década  atrás, de autoria da Condessa  de Ségur : JOÃO QUE CHORA, JOÃO QUE RI . Pois é,  eu sou um João assim, apesar de ter disponível na garganta o sorriso,  quando menos espero sou convidado a chorar.  Só não consigo entender  por que ? E não entendo por várias razões, mas prefiro  não discutir nenhuma,  é melhor....não alivia minha tristeza, mas poupa meu coração pois  a luta continua. Há algum tempo atrás, li um livro que comparava a vida a uma viagem de trem. Isso mesmo, a vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, alguns acidentes, surpresas agradáveis em alguns embarques e grandes tristezas em outros. Quando nascemos, entramos nesse trem e nos deparamos com algumas pessoas que julgamos, estarão sempre nessa viagem conosco : nossos pais. Infelizmente, isso não é verdade; em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos de seu carinho, amizade e companhia insubstituível... mas isso não impede que, durante a viagem, pessoas interessantes e que virão a ser super especiais para nós, embarquem. NO MEU TREM EMBARCOU UMA MORENA DE OLHOS MIUDOS, A QUEM DEDICO SEM PUDOR UM SENTIMENTO  QUE ENTENDO  MUITO MAIOR DO QUE AMOR, POIS VEJO  O  AMOR CONVENCIONAL  ÀS VEZES MUITO  MAL EMPREGADO  E QUE  NÃO TEM NADA  DO QUE  EU SINTO  POR MINHA MULHER. PORÉM ISSO SÓ NÃO BASTA....A VIDA ME COBRA O QUE TALVEZ EU NÃO TENHA COMO PAGAR, E ASSIM SIGO TENTANDO USUFRUIR DO DIREITO DE SER FELIZ.  
Mas vamos  a viagem do trem....
Muitas pessoas tomam esse trem apenas a passeio. Outros encontrarão nessa viagem somente tristezas. Ainda outros circularão pelo trem, prontos a ajudar a quem precisa. Muitos descem e deixam saudades eternas,  outros tantos passam por ele de uma forma que, quando desocupam seu acento, ninguém nem sequer percebe.
Curioso é constatar que alguns passageiros que nos são tão caros, acomodam-se em vagões diferentes dos nossos; portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles, o que não impede, é claro, que durante o trajeto, atravessemos com grande dificuldade nosso vagão e cheguemos até eles... só que, infelizmente, jamais poderemos sentar ao seu lado, pois já terá alguém ocupando aquele lugar.
O fato é que  fui acometido por um"vuco-vuco"  na minha cabeça,  me vi feliz,  muito feliz e depois..... e nessa inconstância  perversa  me lembrei  de uma poesia que postei no meu blog  O CANTO DO TIÊ.

Não sei porque eu tô tão feliz
Não há motivo algum pra ter tanta felicidade
Não sei o que que foi que eu fiz
Se eu fui perdendo o senso de realidade
Um sentimento indefinido
Foi me tomando ao cair da tarde
Infelizmente era felicidade
Claro que é muito gostoso
Claro que eu não acredito
Felicidade assim sem mais nem menos é muito esquisito
Não sei porque eu tô tão feliz
Preciso refletir um pouco e sair do barato
Não posso continuar assim feliz
Como se fosse um sentimento inato
Sem ter o menor motivo
Sem uma razão de fato
Ser feliz assim é meio chato
MAS EU PLANTEI UMA FELICIDADE DE VERDADE, SÓ NÃO SEI  QUAL SERÁ A HORA DA COLHEITA .