sexta-feira, 29 de junho de 2007

CENTENÁRIO


João Almeida


Cem anos!

Minha mãe completou cem aninhos!

Eu ainda tenho um colo, amigos!

E tenho também lembranças...

Do rosto sempre sereno,

Os passos no corredor

Os braços de um verdadeiro amor!

---Por que choras João ? o que foi meu anjo ?

não era nada , era apenas um menino chorão

que por não saber nada da vida

desperdiçava lágrimas e agoniava D. Lídia.

Ah! Se meu colo coubesse sua bondade mãe!

Não cabe, mas você cabe no meu coração!

Mas eu devia ter te amado mais,

Saboreado mais

Mas também você não cortou minhas asas,

E me deixou voar.

Parabéns mãe!

22-12 -2006



José Vartan: (Fortaleza-Ceará)

João, parabéns pelos cem anos de D. Lídia! Com muita propriedade você colocou aquela linda figura da criança chorando no corredor. Achei bonita a construção. D. Lídia não precisou cortar suas asas, pois já lhe havia ensinado a voar de ida e volta. E sabia que à cada volta sua, o vazio deixado pela ida seria preenchido em dobro. E que, em cada ida, haveria necessidade de asas para que fosse satisfeito o desejo premente do regresso ao colo materno aconchegante, acolhedor, que ainda existe e que por certo vai perdurar por muitos anos. Seja feliz, João, e preserve suas asas.
Beijos para Quinha e todos da família.
Vartan.


quinta-feira, 28 de junho de 2007

PROCURANDO

João Almeida


Quando eu era

homem do mar,

Um poeta me disse:

“Não te iludas João!

Terás o barco e a rede.

Terás o sal e a sede.

Terás o azul e o verde.

Só sossego não terás.”

Virei homem do mato;

Numa fonte sacio minha sede,

Balanço as horas

Deitado numa rede;

Só falta sossego chegar.

Tenho tardes silenciosas;

Sombras e flores

Sob um céu espetacular;

O sabor da horta e do pomar,

A mesa farta...

Só falta sossego chegar.

Às vezes acho que o que falta

É o colo de Maria

Mas logo me aquieto

O colo está tão perto,

Mas Maria não me deixa deitar.

Janeiro 2007

quarta-feira, 27 de junho de 2007

UM ZÉ QUALQUER

E Zé queria um ombro...

sem um

ele também não chorava...

Mas o que fazer

com seu peito cheio

quase transbordando?

Será que seus olhos suportariam ?

E assim, desse jeito

choraria a qualquer hora

sem amparo nem conforto.

E Zé teve que chorar...

num canto meio escondido

ele ainda esperava por um ombro,

por um apoio pelo menos

para metade da sua dor.

E os ombros de Zé

que já suportou temporais,

se encharcando

com as dores dos outros

até esgotar, até cair a última lágrima!

Zé estava só...

Uma vez , um certo dia

estavam juntos, Zé e a tristeza,

e ainda assim

socorreu uma dor

até espantar os gemidos.

Mas Zé teve que chorar

de qualquer jeito...

Ninguém ouviu

a explosão do seu peito,

e Zé chorou de fazer dó.

O9/06/2o07

ENTÃO...

João Almeida


Não gosto de sentir saudades...

Queria era repetir

os meus momentos de felicidade!


Agora que o tempo

passou tanto,

deixa ele ir...

Não cogito mais interromper

sua louca disparada,

pra que? pra nada?

Ficou para trás

a bagagem mais importante,

só me resta embarcar

no vagão dos tristes viajantes.

Não gosto de olhar pra frente...

Vislumbro a velhice

não sei como serei

não me preparei, como?

ninguém me disse!

Se desperdiçamos momentos

nem aproveitamos o amor

o futuro imprevisível

não lhe perdoa,

não lhe abre os braços.

Voltar atrás , impossível

Salvador, 17/02/2007.

COERÊNCIA

João Almeida
Junho 2007

A vida
por terminar logo ali,
deveria ser
rigorosamente vivida.
Os minutos
mal consumidos,
se transformam
em horas de nada!
Eu quero ser feliz
e ver minha vida
transformada
em horas de tudo!
Tudo de bom!