João Almeida
Eu do mato!....
Mas índio que um próprio...
Sem relógio no pulso,
Quase nu...
Eu do mato!
Fugindo em disparada
De um índio tatuado!
Eu do mato!
Formiga! Umbaúba, cobra coral!
Borboleta, cansanção!
Eu do mato!
Catador de castanhas,
Plantador de feijão.
Eu do mato!
Cipó, vara de cambotá,
Jardins embaraçados
Flores de toda cor.
Eu no mato!
O sol nascendo
na palma da minha mão.
Chuvinha caindo, fininha
Engrossando fazendo mingau
Com a poeira do sertão.
Eu no mato!
Céu estrelado
Noites de escuridão,
Noites enluaradas,
Vento fresco de madrugada.
Eu do mato!
Voando com sabiás,
Gorjeiando como curió,
Viajando no piscar dos vagalumes...
Eu do mato!
Arco-iris de passarinhos,
Garças e urubus
Proteção nos olhos da coruja
Eu no mato!
Saudades e mais saudades
Do riacho, da beira do rio
Das ingazeiras e dos araçás.
Eu do mato!
O melhor da vida
Se passa lá..
Eu no mato!
Encontro Deus
Na sombra da mangueira,
Nas sombras de qualquer fruteira.
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