segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

EU DO MATO

João Almeida

Eu do mato!....

Mas índio que um próprio...

Sem relógio no pulso,

Quase nu...

Eu do mato!

Fugindo em disparada

De um índio tatuado!

Eu do mato!

Formiga! Umbaúba, cobra coral!

Borboleta, cansanção!

Eu do mato!

Catador de castanhas,

Plantador de feijão.

Eu do mato!

Cipó, vara de cambotá,

Jardins embaraçados

Flores de toda cor.

Eu no mato!

O sol nascendo

na palma da minha mão.

Chuvinha caindo, fininha

Engrossando fazendo mingau

Com a poeira do sertão.

Eu no mato!

Céu estrelado

Noites de escuridão,

Noites enluaradas,

Vento fresco de madrugada.

Eu do mato!

Voando com sabiás,

Gorjeiando como curió,

Viajando no piscar dos vagalumes...

Eu do mato!

Arco-iris de passarinhos,

Garças e urubus

Proteção nos olhos da coruja

Eu no mato!

Saudades e mais saudades

Do riacho, da beira do rio

Das ingazeiras e dos araçás.

Eu do mato!

O melhor da vida

Se passa lá..

Eu no mato!

Encontro Deus

Na sombra da mangueira,

Nas sombras de qualquer fruteira.

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