Visita inesperada

João Almeida

 
Eu só ia olhando o tempo pela janela do metrô, observava essa cor cinza que domina o espaço de São Paulo, quando de repente atravessou o vidro da janela uma saudade daquelas que vem com imagens de um tempo que nunca deveria ter passado. Sem precisar fechar os olhos sinto uma quenturinha morna de uma manhã no terreiro do nosso casarão. Ouço um apito de trem que vem lá da curva grande e vejo ele passar sem fazer parada e some. Vejo os meus brinquedos, uma lata vazia de marmelada Colombo, um boi de mamão meu trenzinho de caixa de fósforo e o quintal comprido para brincar. Agora não consigo ver mais nada as lágrimas embaça minhas lembranças.