arte/ rafael godoy
Visto de cinza a cidade,
as ruas têm prédios demais
e eles não se cansam de criar outros a cada dia.
As britadeiras rodam na minha cabeça
escondem as sirenes e buzinas
os gritos dos gatos o canto dos bêbados
as construções apagam a lua espantam o vento
silenciam os poetas
as montanhas são dilaceradas dinamite e cimento
a cidade que era minha
vai embora de mim
espalha pó nos cabelos embaça meus olhos
e deixa um gosto estranho na saliva.
A cidade é outra
eu sou outra
mas ainda posso ver através de uma fumaça
um sol pálido
que começa a nascer
que começa a nascer
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