sábado, 21 de abril de 2012

CAÇADOR DE ALMAS


Hoje ao levantar-me
Olhei minha imagem refletida no espelho
E vi além das imperfeições possíveis
De alguns teimosos fios brancos que aparecem aqui e ali
E reparei que a pele já não é aquela dos 18 anos
O tempo encarrega-se de levar a juventude
Mas traz tanta coisa boa em troca
Percebo que troquei aquele putz-putz de outrora
Por um bom bate papo regado a vinho e frios
Um bom filme e uma pizza pra esticar a noite
Uma música para enlevar o espírito
Um olhar mudo porém tão ruidoso e cheio de significados
Bom não ser um enigma
Mas isto é uma grande utopia, um engodo da vida
Porque sempre seremos uma caixa de Pandora
Sempre teremos véus a retirar
Mesmo que tenhamos nascido aqui
Ou em Tel-Aviv
Amores serão sempre iguais
Com começos dignos de conto de fadas
E fins dramáticos como um filme de Almodóvar
Meus mistérios, minhas reticências
E aquilo que ainda não foi revelado
Porque é assim e sempre será
Não serei o mesmo amanhã
Nem você, ainda bem
Graças a Deus
Nunca serei aquilo que outro manifesta em seus sonhos
Serei imperfeito, e ao cair, cairei tentando acertar sempre
Me agradam as imperfeições, assim lembro do que é humano em mim e no outro
Às vezes esqueço de mim momentaneamente
E me acho dias após
Na lágrima de uma criança porque o balão escapou de suas mãos
Na gota de chuva que insiste em deixar a vidraça de casa embaçada
Na triste melodia que toca no rádio tocando a alma da minha vizinha solitária
No abraço cheio de afeto dos namorados debaixo daquela marquise suja
Nem sempre os cenários são os melhores
Nem sempre se acha aquela alma perdida em alguma esquina da existência
Mas eu ainda sorrio
Sorrio
Sorrio

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