Gente, não sei onde isso vai parar. Está havendo uma invasão de
inteligências no nosso querido Brasil. Agora, tudo é inteligente. Hoje,
qualquer cidadezinha do País já tem semáforo inteligente. Pode, um
semáforo ser inteligente? Por que que ele é inteligente? Eu fico olhando
para o jeitão dele e fico com cara de burro, pois apesar de inteligente,
ele ainda não fala. Mas um dia vai falar: ô, fulaninho, olha a faixa,
meu! E você vai ficar que nem bobo, olhando em volta.
E os
prédios
inteligentes?
Já havia a
porta
inteligente.
Você vai chegando e
ela se abre
toda, na
hora
certa. Inteligentíssima.
Agora criaram o
prédio
inteligente.
Pra
começar,
não tem
janela. O
ar-condicionado
também é
inteligente.
Como tem
catracas (que
palavra!)
nos
prédios
inteligentes!
Centenas!
Para se
chegar ao
décimo
andar tem
que
rebolar pelas
catracas
inteligentes.
Ela sabe
que
você
já passou
pela
mocinha (nada
inteligente)
lá
embaixo. E é
claro
que no
prédio
inteligente
não se pode
fumar.
Nem nas
curvas das
escadas.
Ele é
inteligente e
dedo-duro.
Logo
chega
um
segurança (nada
inteligente).
Fiquei pensando nessa bobagera
toda ao
ver no
aeroporto de
São Paulo
um
negócio chamado
anúncio
inteligente. Fiquei
lá, parado, olhando
para
ele, tentando
sacar
qual
era a
inteligência dele. O
formato,
meio anatômico?
Não descobri,
não sou
inteligente. Fugiu da
minha capacitância.
O
brasileiro adora essas
coisas. Essas
inteligências. Daqui
para a
frente,
preste
atenção,
tudo vai
ser
inteligente neste
País.
Eu
me contentaria
com uma
privada
inteligente.
Assim
que
você
começar a
tirar a
calça a
tampa
já se levanta.
Sozinha. E
começa a
tocar Help, dos Beatles.
Lá sentado,
você
não
precisa
fazer
nenhum
esforço. A
privada
inteligente suga, é
claro.
Depois
te
limpa,
te
lava. E
um reloginho vai
marcar a
hora da
próxima
visita ao
trono.
E o carro inteligente? Tenho um. A primeira revisão seria
aos 15 mil quilômetros. Mas desde os 10 mil, toda vez que eu dava
partida, ele me avisava: Faltam 5 mil quilômetros para a revisão. Ou
seja, o carro ficou me aporrinhando com a inteligência dele 5 mil
quilômetros.
E tem mais: já passei dos 15, não fiz ainda a revisão.
Agora ele fica dizendo quantos quilômetros eu já passei da meta
estabelecida por ele. Eu falo: já sei, cara! Ele não se toca. Apita no
meu ouvido. Fora que eu tenho que explicar para o sujeito que está
comigo que porra é aquela que está acontecendo. Aquela apitação. Na
revisão, vou mandar cortar as amídalas dele, as cordas vocais e mandar o
apito para a minha querida Ruth Escobar.
Eu só não entendo por que não se faz a polícia
inteligente, o cartola inteligente, o deputado inteligente e até mesmo o
corno inteligente. E, por falar em corno, outro dia eu ouvi um cara
dizer no rádio: não basta ser corno, tem que participar.
Mas voltemos aos inteligentes.
Temos que inventar os vícios inteligentes. A bebida
alcoólica inteligente.
Que não dê ressaca, por exemplo. O cigarro inteligente,
que não dê câncer. E vamos parar por aqui, antes que eu invente uma
doença inteligente.
Tudo o
que
eu queria
mesmo,
era
morar num
país
inteligente.
Não
com
pequenas
coisas
inteligentes.
Mas
com
um
todo
inteligente.