João Almeida
Acompanhando minha nora Jarli a um hospital para tratamento de câncer exclusivamente feminino, pude observar sofrimentos que tornava aquele ambiente ponto para reflexão em meio a resultados positivos, vitórias de umas e lutas penosas de outras . Por três meses fui acompanhante, voltei para Bahia e um ano se passou a cirurgia foi marcada e imediatamente programamos a minha vinda para dá apoio à família do meu filho, hora a caminho do hospital, noutras no caminho da creche da minha neta. No dia da cirurgia chegamos antes do retorno de Jarli para o quarto, uma enfermaria de duas camas , assim observei a chegada de mais uma paciente à caminho de uma cirurgia, uma figura franzina e muito simples , chegou só, se acomodou no leito e ficou a olhar para o teto com ar de tristeza. Quando minha nora chegou, meu filho era todo amor, esbanjava zelo, Mariazinha sem entender nada se conformou com nossa explicação de que mamãe estava dodói, e jogou beijos, eu me inclinei e beijei a sua cabeça, quando me virei em direção da paciente vizinha observei que ela olhava para nós e chorava, aquelas lágrimas me tocaram profundamente e sem pensar duas vezes fui à beira da sua cama, procurei o que dizer e disse o que foi possível para anima-la, se consegui não sei, mas fiquei satisfeito com um sorriso misturado com lágrimas como resposta. Não fui ao hospital no dia da alta de Jarli e em casa perguntei por aquela pessoa, e ouvi que as duas conversaram muito e que aquela mulher foi criada sem os pais, vivia uma vida muito difícil e por isso aquela solidão doía tanto. Certamente saiu só do hospital e espero que vitoriosa, mas aquele rosto triste derramando lágrimas eu nunca mais esquecerei.
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