Emílio Moura
Como a noite descesse e eu me sentisse só, só e
desesperado diante dos horizontes
que se fechavam,
gritei alto, bem alto: ó doce e incorruptível
Aurora! e vi logo que só as estrelas
é que me entenderiam.
Era preciso esperar que o próprio passado
desaparecesse,
ou então voltar à infância.
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao coração trêmulo:
— É por aqui!
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao espírito cego:
— Renasceste: liberta-te!
Se eu estava só, só e desesperado,
por que gritar tão alto?
Por que não dizer baixinho, como quem reza:
— Ó doce e incorruptível Aurora...
se só as estrelas é que me entenderiam?
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