quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Nunca pensei que a saudade, Doesse assim desse jeito.







No tempo da juventude 
Quis seguir meus ideais...
 
Deixei o lar dos meus pais
 
Tomei na vida atitude.
 
Mas depois vi que não pude
 
Satisfazer o meu peito,
 
Pois percebi o defeito
 
Na prisão dessa verdade,
 
Nunca pensei que a saudade
 
Doesse assim desse jeito.
 

Voei pra fora do ninho
 
Ao perceber minha “asa”,
 
Mas deixar a minha casa
 
Não foi o melhor caminho.
 
Eu me sinto um passarinho
 
Num canto escuro e estreito,
 
Sendo o principal suspeito
 
De querer a liberdade.
 
Nunca pensei que a saudade
 
Doesse assim desse jeito.
 

Não sinto mais o sabor
 
Da comida sobre a mesa,
 
Pois mãe com toda certeza
 
Temperava com amor.
 
Nem mesmo o meu cobertor
 
Está cobrindo direito,
 
Não tiro dele o proveito
 
Da antiga comodidade.
 
Nunca pensei que a saudade
 
Doesse assim desse jeito.
 

O meu pai que foi meu mano
 
Dos meus momentos felizes,
 
Estará nas “cicatrizes”
 
No decorrer desse ano.
 
Ele que apoiou meu plano,
 
Puramente por respeito,
 
Mas sei que dentro do peito
 
Não era a sua vontade.
 
Nunca pensei que a saudade
 
Doesse assim desse jeito.
 

Desfaço e faço a bagagem
 
E fico nesse dilema
 
Pra resolver o problema,
 
Mas eu não tenho coragem.
 
Um sentimento selvagem
 
Toma conta e eu não rejeito,
 
Pois eu sei que o sonho é feito
 
Com essa dualidade.
 
Nunca pensei que a saudade
 
Doesse assim desse jeito.
 

Pensei que os primeiros dias
 
Eu podia superar,
 
Mas vi o tempo passar
 
Desviando as alegrias.
 
Nas noites das agonias
 
Ponho o travesseiro ao peito,
 
Mesmo não sentindo efeito
 
Da familiaridade.
 
Nunca pensei que a saudade
 
Doesse assim desse jeito.
 

Esperem que logo mais
 
Voltarei pro meu regaço
 
E aí sim, refaço o laço
 
Da união junto a meus pais.
 
E serão tempos reais
 
De um filho pródigo, imperfeito,
 
Que seguiu o seu conceito
 
Vivendo em simplicidade.
 
Nunca pensei que a saudade
 
Doesse assim desse jeito.
 

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