O compadre Jorge Benjor já cantava e pedia: chove sem parar. Só assim pra escutar o mato crescer em paz
Depois de um longo período de estiagem e como diz a sabedoria do homem da roça, dos meses sem érres, e muitos outros, a chuva veio. Veio amenizar a secura do ar irrespirável e o calor das tardes/noites de paredes mornas nos quartos da casa. Chegou de mansinho a chuva, como convém; com a esperança de todos para que se tarde a ir. Que permaneça o tempo suficiente para molhar a terra e permitir o plantio das culturas do tempo das águas.
Veio abastecer a mina d´água, escondida na mata da grota, para engrossar o jorro que esvai por um cano de bambu improvisado.
E, noite adentro, os pingos sucediam um ao outro pelas calhas, resvalando ao chão, depois, pelos cantinhos e procurando os veios das entranhas da terra.
E, quando o dia chegou, para lá da janela do quarto e do muro do quintal, lá no mato os passarinhos avisam que também vieram. O sanhaço e a saíra se assanham, a tesoura revoluteia no ar à caça de insetos, o tiziu dá pios e saltos nos mourões, a coleirinha e o bigodinho lançam seus primeiros trinados.
E o papa-capim anuncia sua volta, depois de uma longa viagem, avisando que é hora de acasalar e aninhar, recriando a vida naquele coraçãozinho minúsculo e apressado. Um broto novo e tímido aponta no galho alto da árvore centenária.E o matuto respira aliviado, reza e agradece. Choveu, enfim...
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