NICOLAS BEHR
quando deixo o meu amor impossível na rodoviária,
de noitinha, meus olhos compridos seguem-na até perdê-la
no turbilhão das gentes
imagino meu amor impossível na fila do ônibus, altiva,
altaneira, orgulhosa de si e de mais um dia de trabalho
os olhares em direção ao meu amor impossível são muitos
— olhares de cobiça como os meus (o olhar dos famintos)
alguém oferece ao meu amor impossível
um pastel, um caldo de cana ou um chocolate
hoje não, outro dia (meu amor impossível é educadíssima!)
meu amor impossível entra no ônibus, passa pela catraca
— o cobrador finge que separa o troco mas olha os seios do
meu amor impossível, de soslaio, exatamente como eu faço
Nenhum comentário:
Postar um comentário