sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O AMOR IMPOSSÍVEL

NICOLAS BEHR


quando deixo o meu amor impossível na rodoviária,
de noitinha, meus olhos compridos seguem-na até perdê-la
no turbilhão das gentes


imagino meu amor impossível na fila do ônibus, altiva,
altaneira, orgulhosa de si e de mais um dia de trabalho


os olhares em direção ao meu amor impossível são muitos

— olhares de cobiça como os meus (o olhar dos famintos)


alguém oferece ao meu amor impossível

um pastel, um caldo de cana ou um chocolate
hoje não, outro dia (meu amor impossível é educadíssima!)


meu amor impossível entra no ônibus, passa pela catraca

— o cobrador finge que separa o troco mas olha os seios do
meu amor impossível, de soslaio, exatamente como eu faço

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