João Almeida
Eu não troco minhas saudades por nada! Por este “agora”, por hoje nem pelo futuro!
Não troco a minha infância na roça, pela infância nos parques... As fruteiras pelos Fast food.
Não trocaria os trens (todos foram extintos) por metrôs do futuro. (ainda em construção em Salvador) Nem a Maria Fumaça eu trocaria.
Não trocaria meus professores com quadro-negro, pelos leves toques em teclas de controles e teclados.
Não trocaria o corredor da rua Chile pelos espaços de nenhum shoping. Não trocaria as vitrines do Adamastor, da casas Slloper, da Washi e etc , etc, etc.... Nem a Av. Sete, muito menos a Baixa dos Sapateiros também não trocaria.
Não trocaria o Cine Guarani, Tamoio, Exelsior, Liceu e o Cine Tupy por nenhum Multiplex.
Não trocaria as cadeiras de madeira do cine PAX nem do Jandaia onde assistir dois filmes de Cawboy custava pouco...
Não trocaria a Dama de Roxo, por nenhuma maluca solta por aí, quase em cada esquina.
Não trocaria o time do meu BAHIA de 59 pela seleção alemã, francesa nem italiana. Por esta seleção brasileira de hoje ?, mas de jeito nenhum... A minha saudade sabe o que está dizendo...
A minha saudade não troca a Fonte Nova só com o anel inferior por nenhum estádio do mundo. Quando não tinha dinheiro arranjava um lugarzinho no morrinho lá no Jardim Baiano de onde dava pra ver um bom pedaço do gramado. Naquela Fonte Nova, vibrei, chorei e até sofri. Assisti várias Olimpíadas Baiana da Primavera e que a minha saudade não trocaria nem pelas olimpíadas mundiais, espetaculares e com atletas que da gosto de vê na tv, superação de marcas a cada ano. Mas e os atletas da minha saudade? Simples, alunos jovens, uma geração com um perfil de quem infelizmente não ficou cópia .
Pela minha saudade da Praça da Sé, dos botecos das transversais estreitas, ligação com a Saldanha da Gama, eu não trocaria por nenhuma praça incravada nos shopings, espaços que se multiplicam muito bem organizados mas onde não se vê o lado humano. Se você não levar ou não tropeçar por acaso em algun conhecido, vai sentir falta das piadas de Ariovaldo, da voz afinada de Benigno, e das meninas exalando um perfume adocicado com sorrisos maliciosos .
A minha saudade debruçada diante da Bahia de Todos os Santos se fortalece com o mesmo mar, se o olhar for rasteiro, roçando as águas, ele está lá. Para o lado da Contorno existe uma obstrução que a minha saudade não gostaria que estivesse ali.
Não trocaria a minha saudade por nada...Não! não trocaria até a do nosso amor na juventude, Maria!
Só na Ribeira me senti como se ali estivesse aqueles tempos, tempos que ainda não precisava sentir saudades! Tudo lá é muito parecido com a Peníssula de antigamente.
Tudo muito novo, moderno, avançado... Mas como me dá saudade de tempos passados.... Nada tem a mesma cor, o mesmo cheiro, o mesmo sabor...
Nenhum comentário:
Postar um comentário