Postado por Milene Lima
Lá fora a chuva ensaia passos de
dança pelos tetos dormentes. Há muito tempo não se ouvia do céu a canção das
águas sobre o chão seco e noturno. Quem cedo adormece o corpo doído, não escuta
a sua música. Não vê a sua dança insinuante lavando paredes imundas de tanta
estranheza, banhando de renascimento a matiz desbotada de árvores e olhos. Seu
véu de água é poesia generosa quando se derrama do começo do céu, a beijar por
inteiro o chão árido e triste. E na batida macia das suas águas, janelas e
portas despertam e sabem da precisão de aceitar os novos passos de vida na
dança bonita da chuva. Sua canção de alegria desperta a fé que teimava cochilo
e agora, até onde não alcança o olhar cansado, há uma inundação de esperança e
motivo bom pra se esperar o amanhecer.
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