terça-feira, 17 de setembro de 2013

DA LÚCIDA EMBRIAGUEZ

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Garçom, traga-me uma dose exagerada de conhaque e valentia, por favor. Por que ainda tenho um bom pedaço pra caminhar, antes que me a noite me tome nos braços e lance na cama desalinhada o meu corpo exausto do que me mostrou o dia. E pra viagem, garçom, embrulhe uma porção de poesia e outro bocado de sonhos. Pretendo abarrotar quaisquer espaços vazios com esses dois ingredientes de indescritível necessidade. Pode um sujeito viver sem sonhar? Pode não, rapaz! Quando tudo na vida é desencanto e amargura, o sonho invade o silêncio do lado de dentro e garante que na vida haverá de se experimentar outro gosto que não seja o azedume desgraçado misturado nos goles de vida do sujeito. E também é de muita precisão a poesia, você não acha? Poetas não permitem que a vida aconteça em vão, sem que sua alma se alvoroce e a tudo retrate. Pois, se há por perto uma poesia, mastigue-a até o último verso. Até a amargura do sujeito ganha ares de boniteza, quando lhe diz a poesia. Ah, e de amor, garçom, me separe logo uma meia dúzia de garrafas, que é pra eu beber quando cá dentro insinuar secura. Que eu sem amar não quero ter aprendizado de vida, não senhor. Que seja boa a sua continuação de noite, rapaz. Eu tenho que ir andando, porque o amanhã já é quase agora... Inté!

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