Apesar do meu peito cheio das porcarias que o tempo me serviu enquanto eu estava tonto de tanto sonhar, faço um esforço para escrever, ler e ir vivendo, filosofando para me afastar do lago encantado que chama para o mergulho as desilusões. Ainda consigo esquecer de mim , “mim” que só tem eu para lembranças, exclusivamente para sangrar tristezas ao me ver responsável pelos desencontros dos meus, gerados do meu gozo mas principalmente da minha vontade. É uma tristeza que não tem como se avaliar o seu tamanho diante da pequenitude da importância que se dá à uma agonia implantada, e que portanto ninguém tem nada com isso.
Numa noite clara e enluarada, Nasrudim vai ao poço tirar água. Ao olhar para baixo, vê o reflexo da lua brilhando na água e na mesma hora diz:
- Nossa, coitada da lua, ela caiu dentro da água! Espere lua, que eu já vou tirá-la daí!
Nasrudim vai correndo até a sua casa e volta com uma corda com um gancho de ferro amarrado na ponta. Rápidamente atira a corda dentro do poço, gritando de forma encorajadora:
- Vamos lua, força, agarre firme que eu já puxá-la para fora daí!
Mas aconteceu que a corda ficou presa numa grande pedra no fundo do poço e Narudim precisou puxar com toda a sua força.
“Ufa!” – pensou Nasrudim com os seus botôes. “Mas como a lua é pesada!”
De repente, a corda se solta num tranco e Nasrudim cai de costas no chão.
Quando consegue recuperar o fôlego, ainda estendido no chão, ele se depara com a lua no céu, brilhando no meio das estrelas.
Então Nasrudim diz à lua:
- Não foi nada fácil, mas conseguimos, heim lua! Que sorte a sua eu ter chegado bem a tempo de poder ajudá-la! Foi um prazer estar a seu serviço.
Adeus lua, e boa noite!
EU GOSTARIA QUE A HARMONIA FOSSE LUA POR UM DIA E QUE EU CHEGASSE A TEMPO DE TIRA-LA DO POÇO.
JOÃO ALMEIDA
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