sábado, 31 de dezembro de 2011

Ao meu amor...





... Só me apareça depois de ler "O Pequeno Príncipe"!
(eu espero!)



| Fabi Anselmo |



"- É preciso ser paciente. Tu te sentarás primeiro
um pouco longe de mim, assim, na relva.
Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada.
A linguagem é uma fonte de mal entendidos.
Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
Será melhor voltares à mesma hora.
Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde,
desde às três eu começarei a ficar feliz.
Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.

Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada:
descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento,
nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.

- Que é um rito?

- É uma coisa muito esquecida também.
É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias;
uma hora, das outras horas."

(O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupery)

Pode até ser tarja preta!


- Comece usando ao menos três vezes por dia a expressão ‘dane-se’. Lembrando que o uso em excesso não traz efeitos colaterais. Fique longe da perfeição. Experimente atravessar fora da faixa, se atrasar e xingar. Experimente exigir ao invés de pedir. E peça! Peça mais! Peça ajuda, consolo, aumento, sossego, carinho, atenção. Pare de dar atenção aos problemas que não são seus. Quanto aos seus, trate-os sem nenhum resquício de propriedade, dê passagem a eles ao invés de colo, porque eles chegam querendo ir. Vez ou outra, é aconselhável levar os problemas mais demorados pra dançar. Abandone a alimentação saudável. Perdoe e esqueça na mesma dosagem e com a mesma freqüência com que você se corrige, se desculpa e se culpa. Chore, mas chore fazendo barulho. Essa mania de catalogar as pessoas de acordo com os defeitos e limitações, pode matá-la... de solidão! Aceite que todos - isso inclui você - erram e não há nada de assombroso nisso e sim de humano. Aceite os seus defeitos e veja beleza neles sem precisar maquiá-los. Compre um saco de bater e nunca mais seja o seu próprio saco de bater. Descanse quando estiver cansada e também quando não estiver. Corte um bom pedaço do seu pavio. Olhe de volta pros caras que te olham e que te interessam... E pro seu próprio favor... arrume um namorado!

- Doutor, por acaso não há um tratamento menos alternativo? Eu só preciso de um remédio, pode até ser tarja preta, que me livre das crises de enxaqueca!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Os Barquinhos (ERA DIA DE NATAL)


Eu me lembrei de um natal que passamos numa fazenda de uns amigos dos meus pais. Tinha árvore de natal e ceia, mas os dias que antecederam, transcorriam na mais perfeita tranqüilidade, não tinha TV, apenas luzes de lampião e conversas em volta da mesa. Minha mãe resolveu nos ensinar a fazer barquinhos de jornal, depois de ler “O soldadinho de Chumbo.”Éramos seis crianças fazendo aula para o grande campeonato dos barquinhos. Jornal, um tubo de cola e lápis de cor. Era tanta alegria na confecção do lindo barco, risadas, crianças emburradas achando o seu barco o mais feio. Minha mãe circulava feliz, ajudava um aqui e refazia outro ali. Tudo pronto. Marchamos feito soldadinhos até a cachoeira e escolhemos um lugar onde a correnteza era leve. O céu ficou cinza e o cheiro de chuva exalava da terra, o vento soprava cada vez mais forte perto da cachoeira. Foi dada a largada, colocamos juntos os barquinhos na água. A torcida era grande.Próximo a chegada à chuva apertou. Pingos grossos começaram a cair forte sobre os pequenos barcos, que encharcados iam entortando e desmanchando. A torcida foi ficando muda. Os relâmpagos cortaram o céu, com força, próximos a cachoeira. Minha mãe, eterna Polyana, disse:
-"Acho que papai do céu gostou de todos os barcos, mandou uma chuva bem forte, para que todos os soldados fossem vencedores. Hora de comemorar. Vamos ao nosso lanche de natal, tem bolo xadrez com cobertura de chocolate, hora do amigo oculto, marchem soldados."Cortando os caminhos da mata, completamente ensopados de água e alegria, ouvindo o trovão que insistia em nos lembrar à hora de voltar para casa. Caminhamos em direção à fazenda, enquanto nossos barcos afundavam na cachoeira. Era dia de natal, muitas vezes lembranças como essa, faz esse dia um dos dias mais importantes de nossas vidas!

Denise Portes

Imagem


São tantas histórias guardadas em versos e tantas imagens desenhadas e essa emoção desmedida, esse amor pela vida.
Tesouros em potes, caminhos em galhos, colados no peito, pulsando em sangue pela tela vermelha da minha esperança na vida.
Denise Portes

SAUDADE

(Gilka Machado


De quem é esta saudade

que meus silêncios invade,

que de tão longe me vem?


De quem é esta saudade,

de quem?


Aquelas mãos só carícias,

Aqueles olhos de apelo,

aqueles lábios-desejo...


E estes dedos engelhados,

e este olhar de vã procura,

e esta boca sem um beijo...


De quem é esta saudade

que sinto quando me vejo?